domingo, 5 de junho de 2011

Glucocorticóides e stress


Entende-se por stress como sendo o conjunto de mudanças metabólicas que permitem ao corpo adaptar-se a situações de perigo, fuga, ou  até mesmo a escassez de certos recursos, como a de falta de água ou perda de sangue. Os glicocorticóides têm relação direta com essa resposta do organismo quando submetido a fatores de stress. No entanto, o mecanismo de ação desses hormônios não é sempre o mesmo, havendo uma certa controvérsia quanto a seu exato papel na resposta ao stess.
Segundo essa perspectiva, os glucocorticóides podem ter ação permissiva, estimulante ou inibidora. Diz-se que a ação é permissiva quando taxas basais de glucocorticóides facilitam a ação da primeira linha de hormônios que respondem a fatores de stress, como as catecolaminas(epinefrina, noraepinefrina, entre outras).A ação é estimulante quando as taxas de glucocorticóides após exposição ao fator de stress levam a um aumento na ação desses mesmos hormônios de primeira linha. Já a ação inibitória caracteriza-se pelo fato de a taxa de glicocorticóides após exposição ao fator de stress inibir o mecanismo de stress, ajudando na recuperação da homeostase do organismo após o evento estressante.
Em termos metabólicos gerais, o stress gera um aumento rápido nos níveis de glucose sanguínea, por meio da mobilização de reservas de glicogênio e do crecimento da resistência à insulina, disponibilizando, assim, mais glucose para a musculatura esquelética e sistema nervoso. Os glicocorticóides atuam aumentando o apetite, estimulando a gluconeogênese e posteriormente a glucogenólise, reduzindo a captação de glucose por tecidos e aumentando a metabolização de lipídeos e aminoácidos como fontes de energia. Os glicocorticóides atuam, portanto, paralelamente a epinefrina e ao glucagon, permitindo a ampliando seus efeitos no mecanismo do stress.

Outro exemplo já bem conhecido da atuação dos glucocorticóides é mecanismo de resposta do sistema cardiovascular ao stress. Uma rápida resposta cardíaca é essencial na sobrevivência a situações de stress. Em presença de catecolaminas, há um aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial, bem como um direcionamento de sangue para a musculatura esquelética.Os glucorticóides tem atuação permissiva nesse sistema. Acredita-se que concentracões basais de glucocorticóides sejam essenciais para induzir a ação da enzima fenilalanina-N-metiltransferase, agente limitante na síntese de epinefrina. Além disso, os glucocorticóides impedem a retirada das catecolaminas de junções neuromusculares, prolongando o seu efeito. Esses hormônios também aumentam a afinidade de receptores beta-adrenérgicos de células da musculatura lisa das artérias, aumentando a sensibilidade dos vasos às catecolaminas.
Já em situações de hemorragia, o efeito é oposto, isto é, inibitório. A ação do organismo quando submetido a um stress hemorrágico é reduzir a eliminação de água e a perda de sangue, por meio da secreção de renina e vasopressina. Os glucocorticoides atuam impedindo a liberação de vasopressina e aumentando secreção e eficácia do hormônio natriurético atrial, o que aumenta a excreção de água e reduz a vasoconstricção.
Dá para perceber que os glucorticóides tem grande relevância no entendimento da regulação do stress, uma vez que não só ajudam como também amplificam a resposta do organismo ao stress e participam  ainda do retorno do corpo a sua condição normal após o evento estressante. 

Por Daniela Frank de Albuquerque
Bibliografia:
How do glucocorticoids influence stress responses?Integrating permissive, suppressive, stimulatory and preparatory actions  by Robert M. Sapolsky, L. Michael Romero and Allan U. Munck
Department of Biological Sciences (R.M.S), Stanford University, Stanford, California 94305;
Department of Biology (L.M.R), Tufts University, Medford, Massachusetts 02155;
Department of Physiology (A.U.M) , Dartmouth Medical School, Lebanon, New Hampshire 03756





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